sexta-feira, 18 de março de 2011

OS NOVÍSSIMOS DO HOMEM


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O PURGATÓRIO

      Vai para o purgatório, quem morre na graça de Deus, e tem alguma dívida de pena temporal a descontar.
      Esta dívida pode ser:
1º Por pecados veniais, e
2º Por não ter feito a devida penitência dos pecados mortais já perdoados, enquanto a culpa é a pena eterna.
     Com a confissão bem feita, sempre são perdoadas culpas graves e a pena eterna mas nem sempre fica perdoada toda a pena temporal.
      Deus, em perdoando o pecado mortal, ordinariamente comuta a pena eterna em uma pena temporal. Esta pena temporal deve pagar-se nesta vida ou no purgatório.
       Paga-se nesta vida, fazendo boas obras, especialmente cumprindo a penitência imposta pelo confessor.
    O purgatório é um lugar de expiação temporal. Quando as almas do purgatório acabam de satisfazer a pena temporal devida aos seus pecados, vão para o céu.
      Deus, infinitamente justo, nenhuma obra boa ou má deixa sem prêmio ou sem castigo, embora se trate de cousas pequenas.
      Os que morrem só com pecados veniais, não merecem o inferno; mas também não podem ir para o céu, porque nada de manchado pode lá entrar.
Deve, pois, existir um lugar para que as almas se purifiquem antes de entrar no céu. No purgatório se padece a privação da vista de Deus, o tormento do fogo e outras penas.
A maior dor das santas almas do purgatório, é não poder ver a Deus, e pensar que, sendo Ele infinitamente bom, O tenham ofendido. Essas almas benditas, em se vendo manchadas pelo pecado, com prazer se engolfam naquelas chamas e desejariam até que fossem mais ardentes, para mais depressa se purificarem.
Aprendamos das almas do purgatório a aborrecer o pecado, mesmo o venial, que Deus tão rigorosamente castiga.
(do livro O pequeno Missionário, dos Missionários da Congregação da Missão, editora Vozes, Petrópolis, 8ª edição, 1958)

AS ALMAS DO PURGATÓRIO 

      Que é o purgatório? O purgatório é um lugar de expiação, em que as almas dos justos acabam de se purificar antes de entrarem no céu. É uma verdade de fé, que há um purgatório e que as almas podem ser aliviadas pelos sufrágios dos fiéis.
      Em que consistem as penas do purgatório? 1º Na pena do dano, que é a privação da vista de Deus. É uma pena tão pungente, que outra pena nenhuma pode ser-lhe comparada. 2º Na pena do sentido, que consiste no fogo. Este fogo, dizem os santos doutores, é o mesmo que o do inferno, menos sua eternidade. Ora, as almas estão mergulhaas naquele fogo e isso, quem sabe! talvez para anos e séculos. Oh! Como choram, como bradam, implorando nossa compaixão. “Tende piedade de nós, vós nossos amigos”.
      Podemos e devemos sufragar as almas do purgatório? Devemos, sim, é um dever de caridade. Se neste mundo devemos ter pena de quem sofre, quanto mais daquelas almas, que sofrem além de tudo quanto pode imaginar-se. Muitas vezes será não só um dever de caridade, mas de justiça, pois talvez haja no purgatório almas por nossa causa, quero dizer, almas para as quais nós fomos ocasião e causa de pecado. Enfim, nosso interesse pessoal está em jogo. A experiência cotidiana mostra que o meio de alcançar as graças mais preciosas é rezar pelas almas do purgatório. Quem escreve estas linhas pode atestar que é deste modo que tem alcançado as graças mais preciosas, servindo Maria de medianeira. Fazei a mesma experiência. Deponde nas mãos de Maria todos os méritos satisfatórios, todas as indulgências, deixando-lhe a aplicação às almas que ela mesma quiser favorecer.
      Quais são os meios de sufragar as almas do purgatório? São muitos. 1º Antes de tudo o sacrifício da Santa Missa por causa de seu valor infinito. 2º A oração, mormente o terço. 3º As esmolas. 4º As indulgências e principalmente a Via-Sacra.

O CÉU
      Vai para o céu, quem morre em graça de Deus e não tem dívida alguma de pena temporal que descontar.
      Quem tiver alguma dívida de pena temporal que descontar, vai antes para o purgatório.
     O céu é um lugar de suma e eterna felicidade; onde se vê claramente a Deus, e se goza da posse de todos os bens sem mistura de mal.
      O bem essencial do céu consiste em ver claramente a Deus.
É maior felicidade ver a Deus por um instante, do que gozar eternamente todas as riquezas, prazeres e honras que se possam imaginar neste mundo; porque o mundo inteiro comparado com Deus é como nada.
Que felicidade será, meu Deus, ver-vos, não por um instante, mas por toda a eternidade!
      Os bons ficarão eternamente no céu.
      Todos fomos crIados para o céu.
    Vai para o céu, todo aquele que resolutamente quer ir, isto é, aquele que usa os meios necessários para consegui-lo.
     Todos os homens querem ir para o céu; porém, alguns têm só o querer do preguiçoso; querem ir para o céu e não querem empregar os meios necessários para conseguir o mais precioso de todos os bens.
      O céu é um prêmio de valor infinito, que Deus reserva para aqueles que o servem fielmente nesta vida.
É um prêmio tão valioso que para nô-lo conseguir, o mesmo Filho de Deus deu todo o seu sangue e a própria vida.
     Si para dar-nos o céu Deus exigisse que nos prostrássemos duas horas todos os dias, ou que fizéssemos árdua penitência pelo espaço de um milhão de anos, mesmo assim, o céu seria como doado.
     Deus, porém, não nos pede tanto. Satisfaz-se com que observemos seus mandamentos divinos; cousa aliás muito fácil cumprir, com o auxílio da graça divina, que nunca falta. O que nos pode fazer perder o céu é só o pecado mortal.
    Se os homens fizessem para conseguir os bens eternos, a metade do que fazem para adquirir os bens da terra, seriam todos santos, e todos iriam para o céu. Mas, infelizmente, muitos há que vivem no mundo como se tivessem de ficar para sempre, descuidando-se de merecer a felicidade eterna.
     No céu os prêmios são proporcionados à quantidade e qualidade de boas obras feitas em estado de graça.
     Quem tem menor prêmio, não inveja ao que tem maior; assim como um menino fica satisfeito com sua roupa pequena, e não inveja a grande de um homem.
      Toda a obra boa que fazemos, estando em graça de Deus tem seu merecimento e seu prêmio no céu.
    O prêmio correspondente à mais insignificante das boas obras que fazemos, é superior a todos os bens materiais da terra e durará eternamente.
     Procuremos aproveitar todos os dias, e até todos os instantes da nossa vida, para praticarmos todo o bem que pudermos, afim de aumentar sempre mais os nossos merecimentos e prêmios para a glória eterna. Si os que estão no céu pudessem invejar-nos, seria porque, enquanto vivemos, nós podemos aumentar mais e mais o tesouro de merecimentos e de prêmios para o céu, e eles não.

O JUÍZO 

      Depois da morte terá lugar imediatamente o juízo. O juízo consiste na conta que o homem deverá prestar a Deus e na sentença que pronunciará o divino Juiz.
      Todos os homens serão julgados duas vezes:
A primeira na hora da morte; a segunda no fim do mundo.
      Nestes juízos examinar-se-ão todos os pensamentos, desejos, palavras, obras e omissões de cada homem, desde o primeiro instante do uso da razão até ao momento da morte.
      O juízo, logo depois da morte, chama-se particular, porque é de uma só pessoa. O juízo, no fim do mundo, chama-se universal, porque será para todos os homens. A sentença do juízo particular é irrevogável.
      A setença do juízo universal será a confirmação do juízo particular. Quando alguém morre, sua alma irá ou para o céu, ou para o purgatório, ou para o limbo, ou para o inferno.

A MORTE

A morte é a separação da alma do corpo.
Todos devemos morrer uma só vez; mas não sabemos como, nem quando, nem onde.
Si falseamos o pé nesta vez, falseado está por toda a eternidade.
Devemos, pois, estar sempre preparados para morrer em graça de Deus.


Preparação para a morte
I
Lembra-te, ó homem, que és pó e a pó volverás, sim, pensa bem:

1º Tu morrerás. Cada ano morrem 45.000.000 pessoas, cada dia 140.000, cada hora 6.000, cada minuto cerca de 100, isso quer dizer que cada vez que respiramos, 4 almas vão para a eternidade, para o céu, ou para o inferno, tu também morrerás; é impossível escapar à morte.

2º Que é morrer? É abandonar tudo, bens, honras, prazeres, parentes, amigos, em uma palavra, as criaturas. Estás apegado aos bens, aos prazeres? A morte te arranca tudo, até a roupa do corpo. Morrer é ainda ser abandonado. As pessoas que mais nos querem têm de abandonar o que ficou de nós, o corpo, que será lançado no fundo da cova, onde será repasto dos vermes. Morrer é principalmente apresentar-se ao Tribunal de Deus para prestar contas de toda a vida, para ser julgado digno de amor ou de ódio.

3º Quando morrerás? Ainda um pouco de tempo e este mundo desaparecerá com todos os seus bens falsos e passageiros. Ainda um pouco de tempo e passará a possibilidade de te arrepender e fazer penitência e então como te apresentarás perante o juiz? Ainda um pouco de tempo e a morte virá surpreender-te, como um ladrão, disse Jesus Cristo, quando menos esperares.

4º A morte fixará a sorte eterna, no céu ou no inferno, já que não há outro lugar para onde ir.

Preparação para a morte
II

      Pecadores, não vos iludais. Passais a vida no pecado mortal e esperais converter-vos e salvar-vos na hora da morte. É possível, mas extremamente difícil. Só por um milagre da misericórdia de Deus. Em regra geral, o homem morre como vive. Jesus Cristo o disse: “A árvore cai para o lado para o qual pende; o que o homem semeia é o que colhe“. Quem semeia durante  toda a sua vida o pecado mortal, colhe na hora da morte o fruto do pceado mortal, uma morte péssima, diz a Escritura.
     Preparemo-nos, pois, para a morte. Como? Vivendo sempre na amizade de Deus, pedindo todos os dias a graça da boa morte, pensando frequentemente nela. Pelo menos uma vez por mês, meditemos sobre a morte, que talvez esteja perto, e depois rezemos com fervor um pio exercício e oração para alcançar uma boa morte.


(do livro O pequeno Missionário, Missionários da Congregação da Missão, editora Vozes,Petrópolis, 8ª edição, 1958)



O SINO DO ÂNGELOS

O Ângelus compõe-se de duas partes essenciais: a oração e o som do sino. O sino dá ao Ângelus uma solenidade excepcional. Por que o sino toca o Ângelus de manhã, ao meio-dia e à tarde? Por ordem da Igreja Católica, cumpre a palavra do rei profeta: "À tarde, de manhã e ao meio-dia, cantarei os louvores de Deus, e Deus ouvirá a minha voz".
      À tarde, canta o princípio da Paixão do Redentor no Jardim das Oliveiras. De manhã, a sua Ressurreição, e ao meio-dia a sua Ascensão. De manhã, dá o sinal do despertar, da oração e do trabalho. Ao meio-dia, adverte o homem de que a metade do dia é passada, e que a sua vida não é mais que um dia. À tarde, toca ao recolhimento e ao repouso. Diz ao homem: faze tuas contas com Deus, pois esta noite talvez Ele exigirá a tua alma.

      Fazendo ouvir a sua voz três vezes por dia, recorda aos cristãos as lembranças de um glorioso passado, essas belicosas expedições, a honra eterna dos Papas, que salvaram o Ocidente da barbárie muçulmana.
   Toca três vezes, para recordar as três Pessoas da Trindade, às quais o mundo é devedor da Encarnação.
Toca nove vezes, em honra dos nove coros de anjos, para convidar os habitantes da Terra a abençoar com eles o seu comum benfeitor. Entre cada tinido - ou melhor, entre cada suspiro - deixa um intervalo, para que sua voz desça mais suavemente ao coração e desperte com mais segurança o espírito de oração.
      Por que, depois do tinido do Ângelus, o sino faz ribombar sua voz? Canta uma dupla redenção: a redenção dos vivos, pelo mistério da Redenção, e a redenção dos finados, pela indulgência ligada ao Ângelus.

      Ao Purgatório toca uma felicidade, e a Maria a saudação de uma alma que entra no céu. Assim opera a Igreja da terra, cheia de ternura por sua irmã padecente. Por que chora o sino na agonia? Se reflete as alegrias deve refletir também as dores.
      Para sustentar o jovem cristão nos combates da vida, o sino pede as nossas orações. Como não solicitá-las nas lutas da morte? Entre todas, estas lutas não são as mais terríveis e as mais decisivas.
      No toque da agonia, o sino diz: "Miseremini mei saltem vos amici" - Tende piedade de mim, pelo menos vós que fostes meus amigos! Vinde orar por mim, vinde sepultar o meu corpo, vinde acompanhá-lo à igreja, depois ao dormitório, onde ele deve repousar até a ressurreição dos mortos.
      O sino, nesse momento, assemelha-se a uma mãe que, na sua terna solicitude, não se permite nem paz nem trégua, para clamar em socorro de seus filhos desgraçados e obter a sua libertação.
      Também o sino deve tornar o cristão invencível na sua guerra contra os demônios.
Ao estridor dos sinos - acrescenta um de nossos antigos liturgistas - os espíritos das trevas são penetrados de terror, da mesma forma que um tirano se espanta quando ouve ressoar nas suas terras as trombetas guerreiras de um monarca seu inimigo.
      Toque de recolher: no inverno, nos países montanhosos, pelas nove horas da noite, o sino faz ouvir a sua voz mais forte.
      Chama o viajante desencaminhado, e indica-lhe a estrada que deve seguir para chegar ao lugar onde achará a hospitalidade. Uma imagem do que também acontece com as almas perdidas no pecado. Eram inteiramente outros os sentimentos de nossos religiosos antepassados. Testemunhas inteligentes das bênçãos e das consagrações praticadas pela Igreja no batismo dos sinos, devotavam-lhe um profundo respeito e santo pavor.