sexta-feira, 5 de agosto de 2011

BENTO XVI: O EXEMPLO DO SÁBIO SALOMÃO

Queridos irmãos e irmãs,

hoje, na Liturgia, a Leitura do Antigo Testamento nos apresenta a figura do rei Salomão, filho e sucessor de Davi. Ele nos é apresentado no início de seu reinado, quando ainda era muito jovem. Salomão herdou uma tarefa de muito comprometimento, e a responsabilidade que pesava sobre seus ombros era grande para um jovem soberano. Em primeiro lugar, ele ofereceu a Deus um solene sacrifício – “mil holocaustos”, diz a Bíblia.
Então o Senhor apareceu-lhe em visão noturna e prometeu conceder-lhe o que pedisse em oração. E aqui se vê a grandeza de alma de Salomão: ele não pediu uma longa vida, nem riquezas, nem a eliminação de seus inimigos: mas diz ao Senhor: “Dá, pois, a teu servo, um coração dócil, capaz de governar teu povo e de discernir entre o bem e o mal” (1 Re 3, 9). E o Senhor lhe concedeu, de modo que Salomão chegou a ser célebre em todo o mundo por sua sabedoria e seus retos julgamentos.
Ele, portanto, pediu a Deus que lhe concedesse “um coração dócil”. Que significa essa expressão? Sabemos que o “coração” na Bíblia não indica só uma parte do corpo, mas o centro da pessoa, a sede de suas intenções e de seus julgamentos. Poderíamos dizer: a consciência. “Coração dócil” significa então uma consciência que sabe escutar, que é sensível à voz da verdade, e por isso é capaz de discernir o bem do mal. No caso de Salomão, o pedido está motivado pela responsabilidade de guiar uma nação, Israel, o povo que Deus elegeu para manifestar ao mundo seu desígnio de salvação. O rei de Israel, portanto, deve buscar estar sempre em sintonia com Deus, à escuta de sua Palavra, para guiar seu povo pelos caminhos do Senhor, o caminho da justiça e da paz. Mas o exemplo de Salomão vale para cada homem. Cada um de nós tem uma consciência para ser, em um certo sentido, “rei”, quer dizer, para exercitar a grande dignidade humana de atuar segundo a reta consciência, trabalhando pelo bem e evitando o mal. A consciência moral pressupõe a capacidade de escutar a voz da verdade, de ser dóceis a suas indicações. As pessoas chamadas a tarefas de governo têm, naturalmente, uma responsabilidade ulterior, e portanto – como ensina Salomão – têm ainda mais necessidade da ajuda de Deus. Mas cada um tem de fazer sua própria parte, na situação concreta em que se encontra. Uma mentalidade equivocada nos sugere pedir a Deus coisas ou condições favoráveis; na realidade, a verdadeira qualidade de nossa vida e da vida social depende da reta consciência de cada um, da capacidade de cada um e de todos de reconhecer o bem, separando-o do mal, e de buscar realizá-lo com paciência.
Peçamos por isso a ajuda da Virgem Maria, Sede da Sabedoria. Seu “coração” é perfeitamente “dócil” à vontade do Senhor. Ainda sendo uma pessoa humilde e simples, Maria é uma rainha aos olhos de Deus, e como tal nós a veneramos. Que a Virgem Santa nos ajude também a formar, com a graça de Deus, uma consciência sempre aberta à verdade e sensível à justiça, para servir ao reino de Deus.

PERIGO PARA JOVENS, A POBREZA DE AMOR

Mensagem do Papa no quinto centenário dos padres somascos

CASTEL GANDOLFO, julho de 2011  – Faltando alguns dias para a Jornada Mundial da Juventude de Madri, Bento XVI encorajou os jovens a abandonar algumas pobrezas que os assolam, começando pela falta de amor.

      "É necessário – ressalta o Papa em uma carta – que o crescimento das novas gerações seja alimentado não só por noções culturais e técnicas, mas sobretudo pelo amor, que supera o individualismo e o egoísmo, e permite prestar atenção às necessidades de todo irmão e irmã.”
Por esta razão, o Santo Padre chama a "se preocupar com toda pobreza de nossos jovens, moral, física, existencial e, acima de tudo, a pobreza de amor, a raiz de todo problema sério humano".
      Este é o conselho que o pontífice deixa na carta enviada ao superior geral dos religiosos somascos, com ocasião do Ano Jubilar convocado pela Ordem no quinto centenário da libertação milagrosa de seu fundador, São Jerônimo Emiliani (1486-1537), da prisão.
A carta apresenta o exemplo do jovem soldado Jerônimo, cuja vida mudou na noite de 27 de setembro de 1511, depois de ter sido feito prisioneiro na guerra entre a República de Veneza e os Estados da Liga de Cambrai.
      Depois de fazer um voto de mudança de vida para a Virgem, recuperou a liberdade de uma forma inexplicável.
     "Impelido por vicissitudes familiares – ele tinha se tornado guardião de todos os seus sobrinhos que ficaram órfãos –, Jerônimo amadureceu a ideia de que os jovens, especialmente os mais necessitados, não podem ser abandonados, mas que, para crescer, precisam de um requisito essencial: o amor”, explicou o Papa.
      "Nele, o amor supera a sagacidade, e dado que era um amor que surgia da própria caridade de Deus, estava cheio de paciência e compreensão: atento, terno e disposto ao sacrifício, como o amor de uma mãe", escreve o bispo de Roma.
      Os religiosos somascos, fundados por São Jerônimo como “companhia dos servos e dos pobres" até o ano de 1534, assumem o nome da cidade italiana onde nasceu e morreu seu fundador, Somasca. Eles se dedicam, em particular, à educação cristã da juventude.
      Os Somascos contam com 463 religiosos, dos quais 338 são sacerdotes, espalhados pela Europa, América e Ásia.

PIO XII SALVOU 11.000 JUDEUS ROMANOS


Dados publicados pela fundação Pave the Way



Por Jesús Colina

          Conforme documentação descoberta recentemente por historiadores, a ação direta do papa Pio XII salvou a vida de mais de 11.000 judeus em Roma durante a II Guerra Mundial. O representante da fundação Pave the Way na Alemanha, o historiador e pesquisador Michael Hesemann, descobriu muitos documentos originais de grande importância ao pesquisar os arquivos da igreja de Santa Maria dell'Anima, a igreja nacional da Alemanha em Roma.
          A Pave the Way, com sede nos Estados Unidos, fundada pelo judeu Gary Krupp, anunciou o achado em declaração enviada a ZENIT.
          “Muitos criticaram Pio XII por guardar silêncio durante as prisões e quando os trens partiram de Roma com 1.007 judeus, que foram enviados para o campo de concentração de Auschwitz”, declarou Krupp. “Os críticos não reconhecem nem sequer a intervenção direta de Pio XII para dar fim às prisões, em 16 de outubro de 1943”.
          “Novos achados provam que Pio XII agiu diretamente nos bastidores para impedir as prisões às 2 horas da tarde do mesmo dia em que elas começaram, mas não conseguiu deter o trem que tinha aquele destino tão cruel”, acrescentou. Segundo um estudo recente do pesquisador Dominiek Oversteyns, havia em Roma 12.428 judeus no dia 16 de outubro de 1943.
          “A ação direta do papa Pio XII salvou a vida de mais de 11.400 judeus”, explica Krupp. “Na manhã de 16 de outubro de 1943, quando o papa soube da prisão dos judeus, enviou imediatamente um protesto oficial vaticano ao embaixador alemão, que sabia que não teria resultado algum. O pontífice mandou então seu sobrinho, o príncipe Carlo Pacelli, até o bispo austríaco Alois Hudal, cabeça da igreja nacional alemã em Roma, que, conforme relatos, tinha boas relações com os nazistas. O príncipe Pacelli disse a Hudal que tinha sido enviado pelo papa e que Hudal devia escrever uma carta ao governador alemão de Roma, o general Stahel, pedindo que as prisões fossem canceladas”.
          A carta do bispo Hudal ao Generale Stahel dizia: “Precisamente agora, uma fonte vaticana [...] me informou que nesta manhã começou a prisão dos judeus de nacionalidade italiana. No interesse de um diálogo pacífico entre o Vaticano e o comando militar alemão, peço-lhe urgentemente que dê ordem para parar imediatamente estas prisões em Roma e nas regiões circundantes. A reputação da Alemanha nos países estrangeiros exige esta medida, assim como o perigo de que o papa proteste abertamente”.
          A carta foi entregue em mãos ao general Stahel por um emissário de confiança do papa Pio XII, o sacerdote alemão Pancratius Pfeiffer, superior geral da Sociedade do Divino Salvador, que conhecia Stahel pessoalmente.
          Na manhã seguinte, o general respondeu ao telefone: “Transmiti imediatamente a questão à Gestapo local e a Himmler pessoalmente. E Himmler ordenou que, considerado o status especial de Roma, as prisões sejam interrompidas imediatamente”.
          Estes fatos são confirmados também pelo testemunho obtido durante a pesquisa do relator da causa de beatificação de Pio XII, o padre jesuíta Peter Gumpel.
          Gumpel declarou ter falado pessoalmente com o general Dietrich Beelitz, que era o oficial de ligação entre o escritório de Kesselring e o comando de Hitler. O general Beelitz ouviu a conversa telefônica entre Stahel e Himmler e confirmou que o general Stahel tinha usado com Himmler a ameaça de um fracasso militar se as prisões continuassem.


Institutos religiosos isentos de inspeções nazistas

Outro documento, “As ações para salvar inumeráveis pessoas da nação judaica”, afirma que o bispo Hudal conseguiu, através dos contatos com Stahel e com o coronel von Veltheim, que “550 instituições e colégios religiosos ficassem isentos de inspeções e visitas da polícia militar alemã”. Só numa destas estruturas, o Instituto San Giuseppe, 80 judeus estavam escondidos.

A nota menciona também a participação “em grande medida” do príncipe Carlo Pacelli, sobrinho de Pio XII. “Os soldados alemães eram muito disciplinados e respeitavam a assinatura de um alto oficial alemão... Milhares de judeus locais em Roma, Assis, Loreto, Pádua e outras cidades foram salvos graças a esta declaração”.
Michael Hesemann afirma que é óbvio que qualquer protesto público do papa quando o trem partiu teria provocado o recomeço das prisões.
Ele ainda explica que a fundação Pave the Way tem no seu site a ordem original das SS de prender 8.000 judeus romanos, que deveriam ser enviados para o campo de trabalho de Mauthausen e ser retidos como reféns, e não para o campo de concentração de Auschwitz. Pode-se pensar que o Vaticano acreditasse em negociar a libertação deles.
Soube-se também que o Vaticano reconheceu que o bispo Hudal ajudou alguns criminosos de guerra nazistas a fugir da prisão no fim do conflito.

Por causa de sua postura política, o bispo era persona non grata no Vaticano, e foi repreendido por escrito pelo secretário de Estado vaticano, o cardeal Giovanni Battista Montini (futuro papa Paulo VI), por sugerir que o Vaticano ajudasse os nazistas a fugir.
Gary Krupp, diretor geral da Pave the Way, comentou que a fundação “investiu grandes recursos para obter e difundir publicamente todas estas informações para historiadores e peritos. Curiosamente, nenhum dos maiores críticos do papa Pio XII se deu ao trabalho de vir até os Arquivos Vaticanos abertos (e abertos completamente, desde 2006, até o ano de 1939) para fazer estudos originais. Também não consultaram o nosso site gratuito”.
Krupp afirma ter a sincera esperança de que os representantes dos peritos da comunidade judaica romana pesquisem o material original, que se encontra a poucos passos de sua casa.
“Creio que descobriram que mesma existência hoje da que o papa Pio XII chamava ‘esta vibrante comunidade’ deve-se aos esforços secretos deste papa para salvar cada vida”, disse. “Pio XII fez o que pôde, quando estava sob a ameaça de invasão, de morte, cercado por forças hostis e com espiões infiltrados”.

Elliot Hershberg, presidente da Pave the Way Foundation, acrescenta: “No serviço de nossa missão, nos empenhamos em tentar oferecer uma solução para esta controvérsia, que atinge mais de 1 bilhão de pessoas”.
“Temos usado nossos links internacionais para obter e inserir em nosso site 46.000 páginas de documentos originais, artigos originais, testemunhos oculares e entrevistas com especialistas para oferecer esta documentação pronta a historiadores e especialistas.”
“A publicidade internacional deste projeto tem levado, a cada semana, nova documentação, que mostra como estamos nos movendo para eliminar o bloqueio acadêmico que existe desde 1963.”